02/01/2011

O DESABAFO DE NATAL

Olá a todos,

Quem poderia negar os milagres que aconteceram na minha vida no ano de 2010?

Para aqueles que não acompanharam a história desde o inicio do ano, um pequeno resumo. Passei por um momento crítico, dispensado, desacreditado, querendo chutar o balde com tudo em todos, tomando três grandes decisões: não blasfemar contra Deus, contra meu pastor e nem contra a Igreja. Fiz a oração mais perigosa de minha vida: “Usa-me” e, de março até hoje, não tenho parado de colecionar vitórias e mais vitórias para o Reino. Aleluia!

Falei em igrejas de várias denominações e em algumas independentes; dei declarações e entrevistas para rádios, internet, televisão e, hoje, possuo três coisas importantíssimas nas mãos: fama, influência e alguma quantia de recursos, retorno de investimentos no ministério.

Minha grande questão para 2011 é: como usar estas três armas poderosas sem me corromper, cair ou começar a achar que sou alguma coisa ou alguém?

De fato, não acredito que Deus coloque essas coisas na mão de um pastor para seu próprio benefício, por isto peço que ore por mim e minha família, para que eu possa ir a lugares onde existem necessidades e pessoas a socorrer para agir como servo de Deus e ajudar equipar aqueles que pedem ajuda.

Meu desabafo neste fim de ano tem a ver com as coisas que vi e ouvi. Confesso que nas últimas semanas tenho estado cansado e estressado, principalmente, devido a alguns comportamentos de pais, líderes e liderados, após os acontecimentos no Rio de Janeiro.

Acredite, querido amigo, líder ou interessado que está lendo este discurso, não estou falando da vida abundante da Igreja, estou me referindo à sobrevivência de ministérios e igrejas na próxima geração.

Não sei realmente o que você pensa a respeito da Igreja de Cristo no século 21, mas não acredito que as coisas estão bem quando ouço tantas reclamações a respeito dela e observo tanta troca de congregações entre a Juventude, gostaria realmente que você me convencesse que as coisas estão bem.

Convença-me que somos a inspiração para pessoas, que acreditamos em nossos líderes e visões e projetos. Convença-me que nossos filhos e parentes orgulham-se de nós porque somos evangelistas e pessoas de influência na sociedade. Convença-me que, além de bens materiais, você deixará para seus filhos a lembrança de que “seus pais foram pessoas de Deus”.

Convença-me que está tudo bem, quando uma mãe ou pai cristão proíbe seus filhos de participarem de um impacto evangelístico só por causa de notícias e reportagens da mídia sobre a violência local. Penso que, quando um responsável cristão se comporta desta maneira, demonstra que já desistiu há muito tempo da Igreja, abrindo mão de sua missão e sua crença. Parece que para estes é demais o confiar a vida do filho ou filha nas mãos do Criador para cumprir o Ide de Jesus. Será, para estes, mais fácil sofrer pela morte de um filho bêbado ao volante? Será, para eles, menor a dor de perder a filha em uma clínica de aborto? Ficariam eles menos tensos ao reconhecer filhos dominados pelo vício e perdidos em uma boca de fumo? Realmente, preciso chorar por não ver pais nas igrejas chorando por filhos que são “esquenta bancos”, “zumbis” espirituais, pessoas que nunca levaram alguém ao arrependimento, pois não testemunham por estarem mortos espiritualmente, mas e daí? está tudo bem mesmo…

Convença-me que está tudo bem quando vejo “grandes homens de Deus” apresentarem-se como semi-deuses, controladores de mentes, construtores de impérios nepotistas, onde o dinheiro reina e Jesus se tornou um jargão vazio em discursos carismáticos e delirantes.

Convença-me que está tudo bem, quando o discurso de igreja saudável, de sucesso e que faz a vontade de Deus é o que mais vende CD, DVD, constrói filiais e que igrejas assim declaram como visão plantar igrejas de acordo com as necessidades do povo e para a expansão do reino.

Convença-me que está tudo bem, quando olhamos para igrejas e percebemos que no ministério de evangelismo investe-se o mínimo, enquanto se reclama que é o mais fraco, abatido e problemático.

Convença-me que está tudo bem, quando vejo doutrinas, fraternidades, grupos que tinham a saudável missão de desbravar fronteiras, fundar cidades, construir escolas e trazer à luz coisas obscuras e, hoje, vendam olhos de grandes líderes e pessoas que deveriam levar o povo a pastos verdejantes.

Convença-me que está tudo bem, quando vejo patrimônios denominacionais serem vendidos por causa de má administração ou quando penso que meus dízimos ou contribuições para o plano cooperativo são usados para pagar juros bancários de dívidas feitas por insanos gestores evangélicos.

Convença-me que está tudo bem, quando vejo juntas, associações, departamentos findarem a cada ano os seus sonhos, pois não existe mais credibilidade entre suas lideranças e entre o público alvo.

Convença-me que está tudo bem com a igreja e a juventude, quando vejo seminaristas se apresentando como “pastor de jovens” usando o ministério de juventude como trampolim para uma titularidade e quando ela acontece, abandona a juventude no meio do caminho.

Convença-me que está tudo bem, quando olho para eventos de juventude em igrejas e os comparo a velórios, enquanto tantos pensam identificar a real e nova geração de adoradores em bailes gospel.

Convença-me, convença-me que está tudo bem… convença-me que a instituição igreja não está fracassando, que seus juniores, adolescentes e jovens não estão mornos, mortos, rebeldes, derrubadores de pastores assim como seus pais e líderes… líderes cansados, desgastados, desacreditados, precisando de ajuda.

Convença-me por favor que está tudo bem com a sexualidade de nossos liderados, que a crise de identidade sexual não alcançou as igrejas e ela não se tornou permissiva, que beber com moderação não faz parte de nosso discurso de comportamento, que virgindade não é um assunto em extinção e eu imploro, me convença que está tudo bem quando adolescentes e jovens cristãos já possuem vida sexual fora do casamento com o consentimento dos pais e da liderança eclesiástica.

Convença-me que está tudo bem e eu desisto do meu ministério e me volto para viver uma vida “confortável”…

Talvez você leia tudo isto e diga: “lá vem o sonhador!” Mas eu conheço bem esta história: serei traído, jogado num buraco, vendido como escravo, tentado a cair, serei julgado, difamado, preso… mas, um dia, revelarei os sonhos de Deus, serei honrado como autoridade, salvarei uma cidade e, finalmente, perdoarei os meus irmãos.

O importante não é o que fiz ou deixei de fazer, mas ver juniores, adolescentes e jovens motivados e realizando pelo Deus que me faz agir. O que aconteceu comigo, pode acontecer a qualquer pessoa que entrega a sua vida à Jesus e ao Ministério.

Somos a Igreja de Jesus Cristo… Não falharemos, não fracassaremos, iremos até o fim até a Sua volta, por Ele, para Ele e por causa Dele! O retorno ao cristianismo real e transformador já começou, a reforma de comportamento. Faça parte dela você também!

Feliz Natal e um 2011 cheio de realizações! Que a cada dia, semana e mês, você escreva uma nova história com Deus.

Na noite de natal quando for compartilhar as vitórias materiais de 2010, leve este desabafo como devocional entre seus amigos, familiares e filhos. Quem sabe nesta noite de Natal, o Senhor Jesus não volte a ser o centro da vida de muitos que estarão lá reunidos?

Faça correr este desabafo por sua lista de irmãos convencidos e convertidos. Mostre este texto aos seus líderes e ao seu pastor, antes que o ministério de juventude morra… de novo!

Pastor Luciano Malheiros

www.lucianomalheiros.org

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